Estamos cozidos? (JAN2010)
Nas últimas décadas temos vindo a assistir a uma lenta mudança dos valores, costumes e hábitos na nossa sociedade, às quais nos vamos habituando sem reclamar. Coisas que nos fariam arrepiar há vinte ou trinta anos, hoje tomamo-las como uma coisa natural, consequência da mudança dos tempos e mentalidades.
E, se de início alguns falam, contestam, estranham, outros há que simplesmente se acomodam e ficam indiferentes. Como quem diz “Tudo bem, enquanto não me tocar a mim”.
Até mesmo as parangonas dos jornais e os noticiários da TV, em vez de despertarem consciências, saturam as pessoas que preferem enfiar a cabeça na areia.
Hoje li quatro títulos que são um reflexo, uma pequena amostra, do que se passa hoje na nossa sociedade: “Lei safa condutor que matou e fugiu”; “Abusa de alunos e continua solto”; “Desemprego em níveis históricos”; “Gang de romenos aterroriza ourives”.
Olivier Clerc, um escritor suíço é autor de uma parábola muito interessante que caracteriza bem este estado de coisas e como o ser humano tem a capacidade de se acostumar a tudo, a ponto de, ao fim de um tempo, considerar tudo normal.
“Uma rã nada tranquilamente numa panela com água fria. Então alguém acende um pequeno fogo debaixo da panela e a água vai aquecendo muito lentamente. Aos poucos a água vai ficando morna mas a rã não acha que esteja em perigo, até se sente mais confortável, e continua a nadar.
Quando a água atinge uma temperatura razoável, ela já se sente um pouco cansada, mas continua sem medo.
Até que a água atinge uma temperatura alta e a rã entra em pânico, mas já está muito debilitada e acaba por morrer”.
Se a mesma rã tivesse sido lançada à água quando esta estava já numa temperatura insuportável, ela teria saltado imediatamente para fora da panela. Mas como o aquecimento foi gradual ela foi-se acomodando e acabou por morrer.
A pergunta que se coloca é se a sociedade portuguesa não estará já meio cozida, ao ponto de já não ter capacidade de saltar para fora da panela.
Maria de Portugal
E, se de início alguns falam, contestam, estranham, outros há que simplesmente se acomodam e ficam indiferentes. Como quem diz “Tudo bem, enquanto não me tocar a mim”.
Até mesmo as parangonas dos jornais e os noticiários da TV, em vez de despertarem consciências, saturam as pessoas que preferem enfiar a cabeça na areia.
Hoje li quatro títulos que são um reflexo, uma pequena amostra, do que se passa hoje na nossa sociedade: “Lei safa condutor que matou e fugiu”; “Abusa de alunos e continua solto”; “Desemprego em níveis históricos”; “Gang de romenos aterroriza ourives”.
Olivier Clerc, um escritor suíço é autor de uma parábola muito interessante que caracteriza bem este estado de coisas e como o ser humano tem a capacidade de se acostumar a tudo, a ponto de, ao fim de um tempo, considerar tudo normal.
“Uma rã nada tranquilamente numa panela com água fria. Então alguém acende um pequeno fogo debaixo da panela e a água vai aquecendo muito lentamente. Aos poucos a água vai ficando morna mas a rã não acha que esteja em perigo, até se sente mais confortável, e continua a nadar.
Quando a água atinge uma temperatura razoável, ela já se sente um pouco cansada, mas continua sem medo.
Até que a água atinge uma temperatura alta e a rã entra em pânico, mas já está muito debilitada e acaba por morrer”.
Se a mesma rã tivesse sido lançada à água quando esta estava já numa temperatura insuportável, ela teria saltado imediatamente para fora da panela. Mas como o aquecimento foi gradual ela foi-se acomodando e acabou por morrer.
A pergunta que se coloca é se a sociedade portuguesa não estará já meio cozida, ao ponto de já não ter capacidade de saltar para fora da panela.
Maria de Portugal
2 Comments:
Amigo Gil
Estamos quase cozidos...e sem forças para saltar...a menos que não nos deixemos cair dentro da panela.Gostei!
Um abraço para os amigos.
Olá, Céu.
A Maria de Portugal é a Antonieta Gomes, que escreve com muita actualidade e sabedoria estas crónicas para um jornal do Algarve.
Um abraço para ti e para o LP tb.
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