27 abril 2007

As promessas não cumpridas...


Embora pela voz da oposição, é util recordar as promessas que
nos foram feitas durante a campanha eleitoral. Clique na imagem.

25 abril 2007

Violinista célebre tocou no metro e foi ignorado



Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal "Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares. Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.
A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós. "Foi estranho ser ignorado".
Bell, que é uma espécie de 'sex symbol' da clássica, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dos grandes sucessos da história". Executou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce - mas a indiferença foi quase total. Esse facto, aparentemente, não impressionou os utentes do metro. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso. "Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo um simples olhar", acrescentou.
O sucedido motiva o debate: foi este um caso de "pérolas a porcos"? É a beleza um facto objectivo que se pode medir ou tão-só uma opinião? Mark Leitahuse, director da Galeria Nacional de Arte, não se surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará". Para outros, como o escritor John Lane, a experiência indica a "perda da capacidade de se apreciar a beleza". O escritor disse ao "Washington Post" que isto não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante".
(este artigo prende-se com o vídeo seguinte, que não posso deixar de partilhar)

Afinal... o que é a arte?!



(Clique na imagem acima - poderá ser-lhe pedido que instale um applet. Deverá autorizar, para poder visionar o vídeo - demora um pouquinho a carregar, mas vale a pena)

23 abril 2007

Maiakovski



Poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… escreveu, ainda no início do século XX :

Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

Depois de Maiakovski…


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...

Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas.

Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...

Cláudio Humberto, em 09 FEV 2007

O que os outros disseram, foi depois de ler Maiakovski.
Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio: porque a palavra, há muito se tornou inútil…

- até quando?...

(de um PPS que recebi de Alzira Dal'Agnol)

22 abril 2007

Sete



Sete fadas me fadaram
Sete irmãos m'arrenegaram
Sete vacas me morreram
Outras sete me mataram

Sete setes desvendei
Sete laranjinhas de oiro
Sete piados de agoiro
Sete coisas que eu cá sei

Sete cabras mancas
Sete bruxas velhas
Sete salamandras
Sete cega-regas

Sete foles
Sete feridas
Sete espadas
Sete dores
Sete mortes
Sete vidas
Sete amores
Sete estrelas me ocultaram
Sete luas, sete sóis
Sete sonhos me negaram
Aqui d'el rei é demais

(Zeca Afonso)

10 abril 2007

Mountains in Autumn



As montanhas no Outono
(Um belíssimo apontamento executado por
um grupo de gente muito jovem - clique
na imagem)

03 abril 2007

A INSENSIBILIDADE DE QUEM SE JULGA DONO DA RES PÚBLICA


Na Rua do Porto Novo no Bairro do Liceu, existem de ambos os lados algumas palmeiras, faz muitos anos plantadas pelos moradores. Na 3ª palmeira a contar do cruzamento com a Avenida Manuel da Fonseca, um casal de rolas resolveu fazer o ninho e nele estava a criar a prole. Terá escolhido aquela palmeira em particular porque ela certamente lhe dava a segurança e a privacidade de que necessitava. Pois hoje, dois de Abril, chegou uma brigada camarária que começou a fazer o que deve ser feito, isto é, a cortar as folhas das palmeiras, tendo em vista o seu são crescimento. Mas foi avisada de que estava um ninho na 3ª palmeira, pelo que foi pedido que não lhe mexessem. Chamado o encarregado, o mesmo respondeu que se não cortassem as folhas por causa dos pássaros, então nunca mais fariam o trabalho! E ordenou aos seus trabalhadores que cortassem todas as folhas por baixo do ninho da rola, deixando-a absolutamente exposta (para além do perigo de rejeição, sempre possível numa situação destas, em que o trabalho é feito com uma moto-serra que produz um barulho enorme). Mais tarde esteve no local uma responsável do ICN e um Vigilante da Natureza que remediaram, dentro do possível, os danos causados por aquele insensível funcionário camarário, colocando por baixo do ninho ramos que substituiram os que nunca deveriam ter sido cortados. E foi-lhe explicado que não é na altura da nidificação que aquele trabalho deveria ser feito mas, a fazerem-no, teriam que respeitar as aves que lá estivessem. Foi-lhe também explicado que por acaso aquela não era uma rola comum, mas uma Rola Turca, que estava protegida pela Convenção de Berna, e que a Lei não permitia perturbar intencionalmente os respectivos espécimes durante o período de reprodução e dependência, pelo que a Câmara poderia ser condenada a pagar uma coima. Não sei se ele percebeu bem, ou se numa próxima vez vai fazer exactamente o mesmo! No ar ficou a ameaça de que, se não quizessem que ele cortasse as folhas das palmeiras (o que não era, obviamente, o que estava em causa!), então a Câmara não tocaria mais nas ditas, deixando-as ao abandono. O Senhor Presidente da Câmara que se cuide, pois este funcionário pensa que já é dono da RES PÚBLICA!
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