18 junho 2010

JOSÉ SARAMAGO - O Nobel Português da Literatura

O Prémio Nobel da Literatura, o escritor José Saramago morreu esta sexta-feira, aos 87 anos em Lanzarote, onde residia há vários anos. O escritor sofria de leucemia e há várias semanas que não saía de casa.
"Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12h30 na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila", lê-se num comunicado da Fundação Saramago.
José Saramago foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998. Deixa uma vasta obra onde se incluem géneros distintos. Publicou o seu primeiro livro em 1944 e esteve quase duas décadas sem voltar a publicar. Em 1966 reaparece no panorama literário com um conjunto de poemas. Conquistou leitores, prémios e distinções em todo o mundo. Uma das suas obras, 'Ensaio sobre a Cegueira foi adaptada ao grande ecrã pela mão do realizador brasileiro Fernando Meireles. Em Portugal, os seus textos constam nos programas oficiais de Língua Portuguesa nos liceus. Criou a Fundação José Saramago, que ocupa a Casa dos Bicos por cedência da Câmara Municipal de Lisboa. O seu último livro, 'Caim', publicado em 2009 suscitou uma forte polémica, com figuras ligadas à Igreja Católica indignadas com a forma como Deus era apresentado nesta visão da Bíblia. (in "Em destaque - Correio da Manhã")
(clique na fotografia sff para ver a 29 de Agosto de 2009 — Homenagem do Partido Comunista Português a José Saramago por ocasião do 10.º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Literatura. Com a presença de José Casanova, Louzã Henriques, Fernanda Lapa, José Santa-Bárbara, Baptista-Bastos, Joaquim Benite, José Sucena, Maria do Céu Guerra, Carmen Santos, Carlos do Carmo e Jerónimo de Sousa.)

7 Comments:

Blogger Jelicopedres said...

[...]
Algo me ficou por dizer quando, numa página lá atrás, falei da ida à feira com os porcos. A venda dos bácoros entre os vizinhos da Azinhaga havia sido fraca nesse ano, por isso o meu avô achou que o melhor seria levar o que restava das ninhadas à feira de Santarém. Perguntou-me se eu queria ir de ajuda do meu tio Manuel, e eu, sem precisar de pensar duas vezes, respondi que sim senhor. Ensebei as botas para a caminhada (não era viagem para fazer descalço) e fui escolher no alpendre o pau que mais jeito desse à minha altura. Começámos a jornada a meio da tarde, meu tio atrás, atento a não deixar que se extraviasse nenhum dos bácoros , e eu à frente...
[...]

José Saramago/As Pequenas Memórias

21/6/10 00:23  
Blogger lami said...

“Todos os dias têm a sua história, um só minuto levaria anos a contar, o mínimo gesto, o descasque miudinho duma palavra, duma sílaba, dum som, para já não falar dos pensamentos, que é coisa de muito estofo, pensar no que se pensa, ou pensou, ou está pensando, e que pensamento é esse que pensa o outro pensamento, não acabaríamos nunca mais.”
In Levantado do Chão,

21/6/10 15:42  
Blogger Carolina said...

«A morte serve para que possamos continuar a viver»
(José Saramago) in "Intermitências da Morte"

21/6/10 18:56  
Blogger Carolina said...

AS INTERMITÊNCIAS DA M ORTE (José Saramago)

A partir do primeiro segundo daquele ano, ninguém naquele país morreu, caso que até aquele momento nunca tinha acontecido; não acontecido em lugar nenhum do planeta; em tempo algum de sua existência.
No primeiro momento, todos daquela nação se sentiram felizes, já que a vida se eternizara a todos os seres humanos daquele país; como se fossem os escolhidos. Mas não era bem assim. Além de deixar confusos teólogos, filósofos e governo, o misterioso fato fez com que aos poucos as gentes daquele país percebessem a gravidade da situação. Mesmo aqueles que sofressem trágicos acidentes; que tivessem idade avançadíssima; que tivessem graves doenças; ninguém morria, mostrando que, com a ?eternização? da vida, as dores também seriam eternas.
Além de trazer sofrimento para as pessoas em estado terminal infindável, a ausência da morte trouxe problemas de ordem econômica ao país. Funerárias, seguros de vida, previdência social, não tinham mais como sobreviver diante das conseqüências dessa ausência. Até o ressentimento dos países vizinhos, e ?deixados para trás?, quase levou à guerra esse país.
Com o sofrimento insuportável dos moribundos, pessoas acharam uma forma de despistar a vida e encontrar a morte: atravessando as fronteiras do país, aqueles que ?estavam no morre, não morre?, conseguiam, enfim, fazer sua passagem. Mas junto com essa solução apareceram aqueles que, estando em qualquer tipo de poder, sempre procuram uma forma de usurpar a população, colocando empecilhos, mas também frestas, para que ela chegue ao seu intento, e que os mesmos ganhem suas propinas licitamente.
Após alguns meses, a morte reaparece, enviando uma carta à população, a qual avisa que a partir de meia-noite daquele dia ela voltaria, mas que traria uma novidade: enviaria uma carta de cor violeta àqueles que já tinham sua morte programada para uma semana depois do envio da mesma; isso para que os mesmos pudessem ?arrumar sua vida?.
A partir daí, a morte ? com letra minúscula mesmo, já que era a designada para aquele país, e não era a Morte universal, já conhecida por todos ? continua a exercer sua função, até que um dia uma das cartas violetas enviadas volta, trazendo um fato inusitado para ela. O desfecho do livro traz os melhores momentos da história.
Como todo livro de Saramago, com seu humor inteligente e sarcástico, As Intermitências da Morte é imperdível, trazendo o prazer inenarrável alcançado em Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez.

21/6/10 19:09  
Blogger António Gil said...

JOGO DO LENÇO

Trago no bolso do peito
Um lenço de seda fina,
Dobrado de certo jeito.
Não sei quem tanto lhe ensina
Que quanto faz é bem feito.

Acena nas despedidas,
Quando a voz já lá não chega
Por distâncias desmedidas.
Depois, no bolso aconchega
As saudades permitidas.

Também o suor salgado,
Às vezes, enxugo a medo,
Que o lenço é mal empregado.
E quando me feri um dedo,
Com ele o trouxe ligado.

Nunca mais chegava ao fim
Se as graças todas dissesse
Deste meu lenço e de mim,
Mas uma coisa acontece
De que não sei porque sim:

Quando os meus olhos molhados
Pedem auxílio do lenço,
São pedidos escusados,
E é bem por isso que penso
Que os meus olhos, se molhados,
Só se enxugam no teu lenço.

Do Livro "Provavelmente Alegria" - José Saramago

22/6/10 01:08  
Blogger Carolina said...

Não conheço nada da poesia de Saramago, mas estes versos parecem muito bonitos.
O Homem escondia debaixo daquele seu ar "sorumbático" um coração ternurento!
;)
Fui ao dicionário e assim aprendi a grafia da palavra acima assinalada. Sempre pensei que seria "sErumbático".
E graças a ti, Saramago, aprendi mais esta!

28/6/10 20:19  
Blogger arlete said...

perdi o "caim" que ainda por cima era do meu filho, não sei o que li. voltarei a ler Saramago,controverso,como quase tudo o que é bom.kandandu

4/7/10 17:30  

Enviar um comentário

<< Home

> > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > >