23 novembro 2007

Finlândia - Um olhar sobre "Educação"


Será que os nossos políticos são "cegos" e "surdos"?
Teem tanto que aprender que não se percebe que
não comecem já! Cliquem na imagem sff.

13 novembro 2007

A Esperança é a ultima a morrer!


Exma. Senhora Ministra da Educação
Um dia destes colocaram, no placar da Sala dos Professores, uma lista dos nossos nomes com a nova posição na Carreira Docente. Fiquei a saber, Sr.ª Ministra, que para além de um novo escalão que inventou, sou, ao final de quinze anos de serviço, PROFESSORA! Sim, a minha nova categoria, Professora! Que Querida! Obrigada! E o que é que fui até agora? Quando, no meu quinto ano de escolaridade, comecei a ter Educação Física, escolhi o meu futuro. Queria ser aquela professora, era aquilo que eu queria fazer o resto da minha vida. Ensinar a brincar, impor regras com jogos, fazer entender que quando vestimos o colete da mesma cor lutamos pelos mesmos objectivos, independentemente de sermos ou não amigos, ciganos, pretos, más companhias, bons ou maus alunos. Compreender que ganhar ou perder é secundário desde que nos tenhamos esforçado por dar o nosso melhor.
Aplicar tudo isto na vida quotidiana. Foi a suar que eu aprendi, tinha a certeza de que era assim que eu queria ensinar! Era nova, tinha sonhos... O meu irmão, seis anos mais novo, fez o Mestrado e na folha de Agradecimentos da sua Tese escreve o facto de ter sido eu a encaminhá-lo para o ensino da Educação Física. Na altura fiquei orgulhosa! Agora, peço-te desculpa Mano, como me arrependo de te ter metido nisto, estou envergonhada! Há catorze anos, enquanto, segundo a Senhora D. Lurdes Rodrigues, ainda não era professora, participava em visitas de estudo, promovia acampamentos, fazia questão de ter equipas a treinar aos fins-de-semana, entre muitas outras coisas. Os alunos respeitavam-me, os meus colegas admiravam-me, os pais consultavam-me. E eu era feliz. Saía de casa para trabalhar onde gostava, para fazer o que sempre sonhara, para ensinar como tinha aprendido!
Agora, Sr.ª Ministra, agora que sou PROFESSORA, que sou obrigada a cumprir 35 horas de trabalho, agora que não tenho tempo nem dinheiro para educar os meus filhos. Agora, porque a Senhora resolveu mudar as regras a meio (coisa que não se faz, nem aos alunos crianças!), estou a adaptar-me, não tenho outro remédio: entrego os meus filhos a trabalhadores revoltados na esperança que façam com eles o que eu tento fazer com os deles. Agora que me intitula PROFESSORA, eu não ensino a lançar ao cesto ou a rematar com precisão à baliza, não chego, sequer a vestir-lhes os coletes. Passo aulas inteiras a tentar que formem fila ou uma roda, a ensinar que enquanto um 'burro' mais velho fala os outros devem, pelo menos nessa altura, estar calados. Passo o tempo útil de uma aula prática a mandar deitar as pastilhas elásticas fora (o que não deixa de ser prática) e a explicar-lhes que quando eu queria dizer deitar fora a pastilha não era para a cuspirem no chão do Pavilhão. E aqueles que se recusam a deitá-la fora porque ainda não perdeu o sabor? (Coitados, afinal acabaram de gastar o dinheiro no bar que fica em frente à Escola para tirarem o cheiro do cigarro que o mesmo bar lhes vendeu e nunca ninguém lhes explicou o perigo que há ao mascar uma pastilha enquanto praticam exercício físico). E os que não tomam banho? E os que roubam ou agridem os colegas no balneário? Falta disciplinar? Desculpe, não marco ! O aluno faz a asneira, e eu é que sou castigada? Tenho que escrever a participação ao Director de Turma, tenho que reunir depois das aulas (e quem fica com os meus filhos?). Já percebeu a burocracia a que nos obriga? Já viu o tempo que demora a dar o castigo ao aluno? No seu tempo não lhe fez bem o estalo na hora certa? Desculpe mas não me parece! Pois eu agradeço todos os que levei! Mas isto é apenas um desabafo, gosto de falar, discutir, argumentar com quem está no terreno e percebe, minimamente do que se fala, o que não é, com toda a certeza, o seu caso. Bastava-lhe uma hora com o meu 5ºC. Uma hora! E eu não precisava de ter escrito tanto! E a minha Ministra (Não votei mas deram-ma. Como a médica de família ,que detesto, mas que, também, me saiu na rifa e à qual devo estar agradecida porque há quem nem médico de família tenha - outro assunto) entendia porque não conseguirei trabalhar até aos 65 anos, porque é injusto o que ganho e o que congelou, porque pode sair a sexta e até a sétima versão do ECD que eu nunca fui nem serei tão boa professora como era antes de mo chamar! Lamento profundamente a verdade!
Viana do Castelo
Ana Luísa Esperança

11 novembro 2007

Estes putos...


Clique na imagem sff

01 novembro 2007

Quando me tornei invisível



Já não sei em que data estamos. Nesta casa não há calendários e na minha memória mistura-se tudo. As coisas antigas foram desaparecendo. E eu também fui envelhecendo, sem que ninguém se apercebesse.
Quando a família cresceu, trocaram-me de quarto. Depois, passaram-me para outro ainda menor, acompanhada das minhas netas. Agora ocupo o esconderijo, no pátio traseiro.
Prometeram-me trocar o vidro partido da janela, mas esqueceram-se. E de noite sopra por ali um ventinho gelado que aumenta as minhas dores reumáticas.
Um dia à tarde percebi que a minha voz desapareceu. Quando falo, os meus filhos e os meus netos não me respondem. Conversam, sem olhar para mim, como se eu não estivesse ali com eles.
Às vezes digo alguma coisa, por acreditar que apreciarão os meus conselhos. Mas não me olham, nem me respondem. Então, volto para o meu canto, antes de terminar a chávena de chá. E se o faço é para que compreendam que estou triste, para que venham procurar-me e pedir-me perdão… Mas ninguém vem! No dia seguinte disse-lhes:
- Quando eu morrer, então sim, vão estranhar.
E o meu neto perguntou, rindo-se muito:
- Mas tu estás viva, avozinha?
Estive três dias a chorar no meu quarto, até que uma certa manhã um dos meninos entrou, empurrando um pneu velho… Nem o "bom-dia" me deu. Foi então quando me convenci de que sou invisível.
Uma vez, os meninos vieram dizer-me que no dia seguinte iríamos todos ao campo. Fiquei muito contente. Há tanto tempo que não saía!
Fui a primeira a levantar-me. Quis arrumar as coisas com calma. Nós, os velhos, somos muito lentos, por isso aprecei-me para não os fazer esperar. Pouco tempo depois todos entravam e saíam de casa a correr, levando cestas e brinquedos para o carro.
Eu já estava pronta e muito feliz. Parei à porta e fiquei à espera.
Quando se foram embora, compreendi que não era convidada. Talvez porque não cabia no carro. Senti o meu coração apertar-se e o queixo tremer, como alguém que tinha vontade de chorar.
Eu entendo-os. São jovens. Riem, sonham, abraçam-se, beijam-se. E eu... Antes beijava as crianças, adorava tê-las nos braços, como se fossem minhas. E até cantava canções de embalar que tinha esquecido. Mas um dia…
A minha neta acabava de ter um bebé. Disse-me que não era bom que os velhos beijassem as crianças, por questões de saúde. Desde então, não me aproximei mais delas. Tenho tanto medo de contagiá-las! Bendigo-os a todos e os perdoo, porque... que culpa têm os pobres de que eu me tenha tornado invisível!? Triste é ficar velho numa família que pensa que eles nunca ficarão...
Cuide bem dos seus idosos, pois eles não são invisíveis e você, um dia, será um deles.

(Texto de Autor Desconhecido)
Carinho da Mana (BR)
(adaptado para português europeu por A.Gil)
> > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > >