28 fevereiro 2007

Auto da Barca do Inferno


Auto da Barca do Inferno
Versão Pinto da Costa

(Chega Pinto da Costa ao reino dos mortos e dirige-se à barca do Inferno.)

Diabo:
- Meu querido irmão,
semente da corrupção,
mestre dos dragões
e líder de parvalhões!

(Pinto da Costa responde, indignado.)

PC:
- Qu'é que você quer dizer com parvalhões?
O Porto é o melhor do mundo.
VIVÓ PORTO, CARAGO!

Diabo:
- Clube de charlatões,
cheio de aldrabões,
jogam como burlões,
são uns grandes cabrões

PC:
- Mas o que é que está p'raí a dizer?
Nós ganhamos todos os jogos honestamente.
Sem nenhuma excepção!

Diabo:
- Hahahahahahaha!
Os árbitros para a cama enviaste,
as cenas com prostitutas filmaste,
perante a família os chantageaste
e os jogos assim ganhaste!!!

PC:
- Mas não é possível! Como soube isso?

Diabo:
- Eu sei tudo e tudo vejo,
sinto as malícias e o desejo,
antes dos jogos que ganhaste,
todos os teus jogadores drogaste.

PC:
- Que calúnia! Isto é inadmissível!

(Repentinamente, o telemóvel de Pinto da Costa toca.)

PC:
- É só um momento... 'Tou chim?... É p'ra mim!

(Fala o Reinaldo Teles.)

Emp:
- Olhe, senhor Costa, tenho óptimas notícias: Vendi o Derlei, que está com o tendão irremediavelmente danificado, ao Barça, por 2 milhões e ainda nos deram o Ronaldo! A propósito, o velho truque do vídeo ainda funciona. Sem ele, o Ronaldo não seria nosso. E quanto ao jogo de amanhã...

PC:
- Cala-te, carago! Eu já te ligo. Agora estou muito ocupado.

Emp:
- É só para perguntar se devo desembolsar os 50 mil contos que o Major Valentão pediu ou se o deixo apodrecer na prisão...

PC:
- Já disse para te calares! Já te ligo!

(Pinto da Costa desliga o telemóvel e retoma a conversa com o diabo.)

Diabo:
- Mas que linda conversa!
Entrai já e depressa!

PC:
- Nem pensar! Aquele barco acolá parece-me mais luxuoso!

(Dirige-se Pinto da Costa à barca da glória.)

PC:
- Anjinho queridinho, fofinho,
de cabelo lavadinho,
arranja aí um espacinho
para eu abancar, sim?

Anjo:
- Ah, com que então sempre se aprende alguma coisa falando com o diabo!

PC:
- Pois é. Aquela poesia acaba por ser contagiosa. Mas, mudando de assunto, posso entrar?

Anjo:
- Como? Penso que não ouvi bem. Você quer entrar?

PC:
- E por que não? Sempre fui um homem bom e honesto. E também consegui dar glória ao meu clube...

Anjo:
- À custa de corrupção, vigarice, drogas e um sem-número de outros pecados.

PC:
- Mas como é possível?!? Você também sabe? Para que agência de espionagem trabalha?

Anjo:
- Nem eu nem o diabo precisamos de espiões. Tudo vemos e tudo sabemos. Por sua culpa, o desporto favorito dos portugueses perdeu o prestígio. Os estádios estão vazios, as bilheteiras choram e os sócios abandonam os clubes. Você é um homem corrupto e a sua alma é impura. O seu destino éo Inferno. Homens da sua laia não entram aqui.

(Pinto da Costa, já sem esperança de ir para o céu, volta para o diabo.)

PC:
- Muito bem, seu... seu... diabrete! Venha para cá essa prancha!

Diabo:
- Vejo que concordaste,
caro irmão corrupto,
não podes ir para o céu,
o teu pecado é absoluto,
viajarás comigo pelo mar dos tormentos,
e remarás com os infernais rebentos,
o teu clube perderá e descerá de divisão,
e nós te torturaremos, por pura diversão.
Entra, entra, gordo lento,
pega num remo, não percamos mais tempo.

FIM
(recebido por email)

24 fevereiro 2007

Zeca Afonso - O Rosto de uma Utopia




Em 1987, José Afonso deixou-nos, vítima de doença incurável. Além de ser, juntamente com Adriano Correia de Oliveira, um dos mentores da canção de intervenção em Portugal e um baladeiro/compositor notável, soube conciliar a música popular portuguesa e os temas tradicionais com a palavra de protesto, Zeca trilhou, desde sempre, um percurso de coerência. Na recusa permanente do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo salazarento, na denúncia dos oportunistas, dos "vampiros" que destroçaram Abril, no canto da cidade sem muros nem ameias, do socialismo, da "utopia".
Injustiçado por estar contra a corrente, morreu pobre e abandonado pelas instituições. Mas não temos dúvidas, a voz de "
Grândola" perdurará para lá de todos os chacais.


Notas biográficas
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (ZECA AFONSO) nasceu em Aveiro, a 2 de Agosto de 1929, filho dum magistrado e duma professora primária. A infância reparte-se entre Aveiro, Angola, Moçambique, Belmonte e Coimbra, devido às sucessivas deslocações profissionais do pai.
Em Coimbra, estudante do Liceu D. João III, conhece o guitarrista António Portugal e começa a interessar-se pela música. Em fins da década de 40, já aluno de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras de Coimbra, destaca-se, à semelhança do irmão, como cantor de fados. Conhece o mestre guitarrista Flávio Rodrigues e a cantadeira popular Cristina Matos.
Casa pela primeira vez em 1950, com Maria Amália, de quem tem dois filhos, José Manuel e Helena. As dificuldades económicas levam-no a trabalhar como revisor no «Diário de Coimbra». Em 1953 grava os primeiros discos (de 78 rpm), com «Fado das Águias» e outras canções, o que voltou a acontecer em 1956 (já em discos de 45 rpm). Em 1958 viaja com a Tuna Académica até Angola, numa viagem que repetirá, dois anos depois, com o Orfeon Académico. Em 1960 grava a «Balada de Outono» e, depois, de modo irregular vai gravando alguns discos de pequeno formato (EP), até 1964, ano em que, já casado com Zélia, parte para Moçambique. Os filhos de ambos, Joana e Pedro, nascerão nos anos seguintes.
Pelo caminho deixa o serviço militar cumprido em Mafra (entre 1953 e 1955), onde se distinguiu pela sua permanente distração e incapacidade para dar ordens e uma experiência de professor do ensino secundário iniciada em 1956 e que o levou a diversos liceus e colégios de Mangualde, Aljustrel, Lagos, Faro e Alcobaça.
É ainda como mestre-escola que regressa a África em 1964, experiência que se revelará fundamental na sua formação política. Na Beira, colabora com o Teatro Experimental e escreve a música para a peça «E Excepção e a Regra», de Brecht. Volta a Portugal em 1967, ano em que é pela primeira vez editado em «long playing» (33 rpm) com «Baladas e Canções», historicamente o seu primeiro álbum, que recolhe gravações anteriores à sua partida para Moçambique e editadas em vários EPs.
Expulso do ensino por razões políticas, dedica-se mais assiduamente à música e inicia um período de gravações regulares com «Cantares do Andarilho» (1968). No ano seguinte grava «Contos Velhos Rumos Novos» e, em 1970, publica «Traz outro Amigo Também» e visita Cuba. No ano seguinte edita «Cantigas do Maio», e tudo passa a ser como era na música portuguesa. Aliás, 71 é um ano de luxo para a música portuguesa: Sérgio Godinho grava «Os Sobreviventes», Adriano Correia de Oliveira edita «Gente de Aqui e de Agora», José Mário Branco publica «Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades», Luís Cília vê sair em França o terceiro álbum da série «A Poesia Portuguesa de Hoje e de Sempre». Ainda nesse ano recebe o terceiro prémio consecutivo da Casa da Imprensa pelo melhor disco.
Em 1972 canta pela primeira vez na Galiza e participa no Festival Internacional da Canção do Rio de Janeiro, onde apresenta o tema «A Morte Saiu à Rua», dedicado ao pintor José Dias Coelho, assassinado pela Pide. Edita «Eu Vou Ser Como a Toupeira».
Participa activamente no III Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro, em Março de 1973 (onde estreia em público «O Que Faz Falta») e envolve-se na acção politica com grupos de vários sectores da Esquerda, desde o PCP à LUAR. Publica «Venham mais Cinco» (73).
Em 29 de Março de 1974 participa no Encontro da Canção, no Coliseu dos Recreios, onde a censura não lhe permite cantar mais do que duas canções: «Milho Verde» e «Grândola Vila Morena». Menos de um mês depois, a 25 de Abril, esta era a senha do Movimento das Forças Armadas para o início da que ficaria para a história com o nome único de Revolução dos Cravos.
Ainda em 1974 faz sair «Coro dos Tribunais», mas só voltará a publicar em 1976 ( «Com As Minhas Tamanquinhas»). Nesses meses («essa coisa magnifica que foi o PREC»), percorre o país de ponta a ponta, num sem fim de «sessões», «acções de dinamização», «campanhas de alfabetização». Grava um disco em Itália de apoio à luta do jornal «República» e outro para a LUAR («Viva o Poder Popular» / «Foi Na Cidade do Sado»), ganha o Prémio Internacional de Folklore da Academia Fonográfica alemã (1976). Apoia as candidaturas à Presidência da República de Otelo Saraiva de Carvalho (1976 e 1980) e Maria de Lurdes Pintasilgo (1985). Grava «Enquanto Há Força» (77), «Fura Fura» (79), «Baladas de Coimbra e Outras Canções» (81).
Em 1982 visita Moçambique e é recebido pelo Presidente Samora Machel com honras semelhantes às de um chefe de Estado. É-lhe diagnosticada uma doença incurável (esclerose lateral amiotrópica) que se caracteriza pela destruição lenta e progressiva do tecido muscular. Viaja pela Roménia, Inglaterra e Estados Unidos, em busca de uma solução.
Em 1983 realiza os últimos espectáculos, nos coliseus de Lisboa e Porto. Publica o disco «Ao Vivo no Coliseu» e um belíssimo LP de originais, «Como Se Fora Seu Filho». Um ano depois, recebe dos doze participantes no Concerto pela Paz e Não Intervenção na América Central, realizado em Manágua, uma das mais significativas homenagens: uma mensagem assinada, entre outros, por Pete Seeger, Chico Buarque, Carlos Mejía Godoy, Sílvio Rodriguez, Daniel Viglietti, Isabel Parra e Amparo Ochoa. Nesse mesmo ano foi editado o livro "As Voltas de um Andarilho", de Viriato Teles, uma extensa reportagem sobre a vida e a obra de Zeca. Em 1984, José António Salvador publica "Livra-te do Medo", um outro trabalho biográfico sobre o poeta-cantor - reeditado em 1994 em nova versão, mais ilustrada, com o título "José Afonso - O Rosto da Utopia".
Em 1985 publica o derradeiro disco, «Galinhas do Mato», onde já só dá voz a dois dos temas. Os restantes têm interpretações de Janita Salomé, Helena Vieira, Luís Represas, Né Ladeiras e José Mário Branco. Morre, no hospital de Setúbal, na madrugada de 23 de Fevereiro de 1987.
Uma segunda edição (muito) aumentada de "As Voltas de um Andarilho" foi publicada em Novembro de 1999 pela Editora Ulmeiro. Este novo livro inclui um prefácio de Sérgio Godinho, intitulado "A que distância está o Zeca?", e uma crónica de Fernando Assis Pacheco, "Só me calham Dukes".
Retirado de:

23 fevereiro 2007

Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. […]
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro […]
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. […]
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;
Dois partidos […] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, […] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar…"
Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.


Um século depois, uma Pátria que nada muda!

(recebido por email)

20 fevereiro 2007

Samba - Digital Man's Profile


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Mulheres - Muito importante!


O Ministério da Saúde, preocupado com o que vem ocorrendo no mercado, no que diz respeito ao uso inadequado de alguns medicamentos, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos às mulheres:

Nome do Medicamento: HOMEM
Indicações: Homem é recomendado para as mulheres em geral. Homem é eficaz no controle do desânimo, da ansiedade, irritabilidade, mau-humor, insónia, etc.
Posologia e Modo de usar: Homem deve ser usado pelo menos três vezes por semana. Não desaparecendo os sintomas, aumente a dosagem ou procure outro. Homem é apropriado para uso externo ou interno, dependendo das necessidades da mulher.
Precauções: Mantenha longe do alcance das amigas. Manuseie com cuidado, pois Homem explode sob pressão, principalmente quando associado a álcool. É desaconselhável o seu uso imediatamente após as refeições.
Efeitos Secundários: O uso excessivo de Homem pode produzir dores nas ancas, dores abdominais, entorses, contracturas lombares, assim como ardor na região pélvica. Recomendam-se banhos de assento, repouso, e contar vantagem para a melhor amiga.
Efeitos Colaterais: O uso inadequado de Homem pode acarretar gravidez e acessos de ciúme. O uso simultâneo de produtos da mesma espécie pode causar enjoo, fadiga crónica e, em casos extremos, lesbianismo.
Prazo de Validade: O número do lote e a data de fabricação encontram-se no Bilhete de Identidade e no cartão de crédito.
Composição: Água, tecidos orgânicos, ferro e vitaminas do complexo P.
Cuidados: Existem no mercado algumas marcas falsificadas: a embalagem é de excelente qualidade, mas quando desembrulhado, verifica-se que o produto não fará efeito nenhum, muito pelo contrário, o efeito é totalmente oposto, ou seja, além de não ser eficaz no tratamento das mulheres, pode agravar os sintomas e até inibir o efeito do medicamento correcto.

INSTRUÇÕES PARA O PERFEITO FUNCIONAMENTO DE HOMEM:
1 - Ao abrir a embalagem, faça uma cara neutra: não se mostre muito empolgada com o produto. Se fica muito seguro de si, o homem não funciona bem, e vive dando defeito.
2 - Guarde em local fresco (homem fedorento não dá) e seguro (não se esqueça que ele é o sexo frágil).
3 - Deixe fora do alcance daquela vizinha loira e sorridente. Ela pode estragar-lhe o produto.
4 - Para ligar, bastam uns beijinhos no pescoço pela manhã. Para desligar, providencie uma noite de sexo. Ele dorme feito um pedra e não diz nem boanoite (falta de educação é um defeito de fabrico).
5 - Programe-o para assinar talões de cheque sem fazer muitas perguntas.
6 - Carregue as baterias três vezes por dia: café da manhã, almoço e jantar. Mais do que isso provoca pneuzinhos indesejáveis.

Atenção: Homem não tem garantia e todas as espécies estão sujeitas a defeitos de fabrico, como deixar toalha molhada em cima da cama, urinar na tampa da sanita,deixá-la levantada, misturar tudo, espalhar as coisas, criticar, reclamar, auto-exaltar-se, beber demasiado, comer cebola, esquecer-se das datas de aniversário, ressonar como um porco, etc. Não existe conserto. A solução é ir trocando, até que se ache o modelo ideal, embora recentes pesquisas tenham informado que o modelo ideal ainda não foi INVENTADO; mas não custa tentar...

13 fevereiro 2007

O Dia dos Namorados



Ele está a chegar.
O 'Dia dos Namorados'.
Este dia, serve apenas para as pessoas
que não têm namorado, companheiro, amante,
amigo colorido ou como lhe queiram chamar,
se sintam menos pessoas por isso.
Este dia serve para essas pessoas pensarem
que são verdadeiras aberrações da natureza
e que por essa determinante razão,
nenhum indivíduo do sexo oposto (ou não)
olha para elas.
Como se fosse obrigatório ter namorado(a),
como se fosse um bem de primeira necessidade,
como a água ou o ar.
Como usar cuecas todos os dias.
Bem sei que há quem as não use com tanta assiduidade,
mas assumo que toda a gente gosta de andar aconchegadinho
no seu dia-a-dia.
Então porque comemorar a 14 de Fevereiro,
o Dia dos Namorados?
Talvez porque, alguém há muitos anos atrás,
depois de um orgasmo múltiplo fenomenal,
teve a triste ideia de assinalar no calendário
um dia feito especialmente para namorar e fazer amor
e repetir mil vezes a palavra 'amo-te',
trezentas vezes a palavra 'adoro-te'
e quinhentas vezes a palavra 'amor'.
Depois há partes que valem a pena
que é aquela do 'és tão linda' e coisas assim
que fazem sempre bem ao ego e pronto.
Mas tirando isso, é uma desgraça,
porque depois o que é que uma pessoa faz
no Dia dos Namorados?
Para além de cumprir as suas funções normais
da profissão ou ocupação.
Andar na rua está fora de questão!!!
Porquê??
Porque é só casais
e uma pessoa até tem vergonha de andar sozinha,
toda a gente a olhar para nós
desconfiados
e depois até pensamos que temos a blusa aberta
ou algum buraco nas calças,
malhas caídas nas meias de vidro…
e procuramos aflitas
alguma coisa suspeita e humilhante,
mas depois lembramo-nos qual é o problema:
estamos na rua sozinhas.
E montras é melhor nem olhar.
Também já sabemos como são,
encarnadas e pirosas.
Apesar que os peluches até são fofinhos.
É já na próxima quarta-feira o Dia dos Namorados.
Não tendo nada contra o mesmo,
apesar de achar que namorar é preciso,
mas não obrigatóriamente dia 14 de Fevereiro.
Desejo a quem acha
este dia importante,
um feliz 'Dia dos Namorados',
com ou sem peluches.
(recebido por email)

10 fevereiro 2007

Bonjour Vietnam - Bom dia, Vietname


(clique na imagem; demora um pouquinho a carregar mas vale a pena)
Raconte moi ce nom étrange et difficile à prononcer
Que je porte depuis que je suis née.
Raconte moi le vieil empire et le trait de mes yeux bridés,
Qui disent mieux que moi ce que tu n’oses dire.
Je ne sais de toi que des images de la guerre,
Un film de Coppola, [et] des hélicoptères en colère...
Un jour, j’irai là bas, un jour dire bonjour à ton âme.
Un jour, j’irai là bas [pour] te dire bonjour, Vietnam.
Raconte moi ma couleur, mes cheveux et mes petits pieds,
Qui me portent depuis que je suis née.
Raconte moi ta maison, ta rue, racontes moi cet inconnu,
Les marchés flottants et les sampans de bois.
Je ne connais de mon pays que des photos de la guerre,
Un film de Coppola, [et] des hélicoptères en colère ...
Un jour, j’irai là bas, un jour dire bonjour à mon âme.
Un jour, j’irai là bas [pour] te dire bonjour, Vietnam.
Les temples et les Bouddhas de pierre pour mes pères,
Les femmes courbées dans les rizières pour mes mères,
Dans la prière, dans la lumière, revoir mes frères,
Toucher mon âme, mes racines, ma terre...
Un jour, j’irai là bas, un jour dire bonjour à mon âme.
Un jour, j’irai là bas [pour] te dire bonjour, Vietnam (2 fois).
Música e poema: Marc Lavoine
Cantora: Pham Qynh Anh

08 fevereiro 2007

Rir com dentes alheios



No final dos anos oitenta, a minha amiga Francelina, viúva há muitos anos, já tinha passado dos sessenta, quando uma sua vizinha, cobiçando a sua bela dentadura, que lhe tinha custado um dinheirão, lha pediu emprestada para ir a um casamento mais composta porque, com o passar dos anos, os seus velhos dentes já tinham todos desaparecido e deixado um razoável espaço vazio entre os dois maxilares.
Francelina achou aquele pedido um tanto ou quanto fora do vulgar. Emprestar os dentes à sua vizinha, habitual companheira das notícias mais importantes do bairro e das tricas da última radionovela?! Ainda se fosse o tradicional raminho de salsa, ou até mesmo uma peça de vestuário, vá que não vá… Não lhe deu logo a resposta. Que tinha que pensar melhor. Que, como ainda faltavam duas semanas para o casório, logo lhe daria a resposta.
A outra insistiu nos dias seguintes, afirmando que sem a dentadura não iria ao casamento da sobrinha, que tanto empenho tinha mostrado na sua presença. Não queria fazer-lhe a desfeita de não comparecer na cerimónia matrimonial, e ainda por cima iria estar presente um pretendente à sua mão. Queria naturalmente fazer boa figura e aspirar ainda a um final de vida bem mais confortável do que aquele em que a deixara o seu Manel há quinze anos.
Para atingir esse objectivo, a vizinha estava disposta a tudo fazer, mesmo a sujeitar-se a pedir o «teclado» emprestado à Francelina. O pretendente era igualmente viúvo e dono de uma casa onde nada faltava, pelo que não seria a falta de um belo sorriso «pepsodent» que iria impedir a concretização do seu sonho.
Faltavam dois dias para o casório da sobrinha, quando finalmente Francelina, não resistindo mais à pressão da vizinha, acedeu a emprestar-lhe a dentadura apenas pelo tempo que durasse a cerimónia e o copo-de-água.
A vizinha tranquilizou-a, reafirmando pela vigésima vez que iria ter o máximo cuidado com o «teclado» da Francelina e que o devolveria no regresso a casa, depois de lavado com água e lixívia.
O dia do casamento passou sem que Francelina recuperasse a sua preciosa dentadura. Nessa noite não pôde dar o habitual olhar aos seus belos dentes, brilhando dentro do copo de água na mesa-de-cabeceira, antes de desligar a luz e de se deixar adormecer.
No dia seguinte, correu para casa da vizinha mal o sol nasceu, mas da vizinha nem rasto. Não lhe pôs o olho em cima nas duas semanas seguintes, tendo emagrecido meia dúzia de quilos por lhe faltarem os seus queridos dentes. Maldisse dezenas de vezes a hora em que cedeu aos pedidos constantes daquela falsa amiga.
Mais de um mês depois de tão triste acontecimento, numa bonita manhã de Primavera, quando já regressava do mercado municipal onde fora comprar uns charrinhos para limar, deu de caras com a maldita vizinha que não lhe tinha devolvido a dentadura.
Cruzou-se com ela e, para seu grande espanto, viu-a rir-se para a sua cara, com os seus próprios dentes!... Francelina não foi capaz de pronunciar uma única palavra, perante a desfaçatez daquela criatura, de quem outrora fora amiga.
Daí para a frente, segundo me disse, depois de ter comprado uma nova dentadura, nem o tradicional raminho de salsa dispensou às vizinhas, por mais chegadas que lhe fossem… Pudera!
Augusto Martins, Faro


(História retirada de "HISTÓRIAS DEVIDAS" cuja leitura se aconselha vivamente)

04 fevereiro 2007

O gato na Assembleia


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03 fevereiro 2007

Acerca da corrupção nas autarquias...


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Despenalização do aborto - Referendo


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