30 janeiro 2007

Tomada de posse de Cavaco Silva no YouTube


Clique na imagem para recordar o acto oficial da tomada de posse como PR de Aníbal Cavaco Silva.

O único defeito da Mulher


(Comece por ouvir as conversas delas, aquelas que são proibidas aos homens. Clique na imagem acima e depois na barra que aparece em relação ao bloqueador de pop-ups. Levante o som e escute o que dizem nas nossas costas. Elas são as que ficam em frente, tem que clicar em cada uma à vez. Se quiser ver maior, clique naquele quadradinho branco que aparece em baixo, à direita. Só depois leia o texto abaixo, escrito por um homem, note-se)

"Se uma memória restou das festas e reuniões de familia da minha infância, foi a divisão sexual entre os convivas: mulheres de um lado, homens do outro. Não sei se hoje isso ainda acontece. Sou anti-social ao ponto de não frequentar qualquer evento com mais de quatro pessoas, o que não me credencia a emitir juízos. Mas era assim que a coisa acontecia naqueles tempos.
Tive uma infância feliz: sempre fui considerado esquisito, estranho e solitário, o que me permitia ficar quieto a observar a paisagem. Bem, depressa verifiquei que o apartheid sexual ia muito além das diferenças anatómicas. A fronteira era determinada pelos pontos de vista, atitude e prioridades.
Explico: no lado masculino imperava o embate das comparações e disputas."O meu carro é mais potente, a minha televisão é mais moderna, o meu salário é maior, a vista do meu apartamento é melhor, a minha equipe de futebol émais forte, eu dou 3 por noite" e outras pérolas típicas da macheza latina. Já no lado oposto, respirava-se outro ar. As opiniões eram quase sempre ligadas ao sentir. Falava-se de sentimentos, frustrações e recalques com uma falta de cerimónia que me deliciava. Os maridos preferiam classificar aquele ti-ti-ti como mexerico. Discordo.
Destas reminiscências infantis veio a minha total e irrestrita Paixão pelas mulheres. Constatem, é fácil.
Enquanto o homem vem ao mundo completamente cru, as mulheres já chegam com quase metade da lição estudada. Qualquer menina de 2 ou 3 anos já tem preocupações de ordem prática. Ela brinca às casinhas e aprende a pôr um pouco de ordem nas coisas. Ela pede uma bonequinha a quem chama filha e da qual cuida, instintivamente, como qualquer mãe veterana. Ela fala em namoro mesmo sem ter uma ideia muito clara do que vem a ser isso. Por outras palavras, ela já nasce a saber. E o que não sabe, intui.
Já com os homens a historia é outra.Você já viu um menino dessa idade a brincar aos directores?Já ouviu falar de algum garoto a fingir ir ao banco pagar as contas? Já presenciou um bando de meninos fingindo estar preocupados com a entrega da declaração do IRS? Não, nunca viram e nem hão-de ver. Porque o homem nasce, vive e morre uma existência infanto juvenil.
O que varia ao longo da vida é o preço dos brinquedos. Aí reside a maior diferença. O que para as meninas é treino para a vida, para os meninos é fantasia e competição. Então a fuga acompanha-os o resto da vida, e não percebem quanto tempo perdem com os seus medos. Falo sem o menor pudor. Sou assim. Todos os homens são assim.
Em relação ao relacionamento homem/mulher, sempre me considerei um privilegiado. Sempre consegui ver a beleza física feminina mesmo onde, segundo os critérios estéticos vigentes, ela não existia. Porque todas as mulheres são lindas. Se não no todo, pelo menos em algum detalhe. É só saber olhar. Todas têm a sua graça. E embora contaminado pela irreversível herança genética que me faz idolatrar os ícones da futilidade, sempre me apaixonei perdidamente por todas as incautas que se aproximaram de mim. Incautas não por serem ingénuas, mas por acreditarem. Porque todas as mulheres acreditam firmemente na possibilidade do homem ideal.
E esse é o seu único defeito."

Texto de Sérgio Gonçalves, redator da Loducca, publicado no jornal da agência

(recebido por email)

28 janeiro 2007

Carta duma professora


No número 1784 do Jornal Expresso, publicado no passado dia 6 de Janeiro, o colunista Miguel Sousa Tavares desferiu um violentíssimo ataque contra os professores (que não queriam fazer horas de substituição), assim como contra os médicos (que passavam atestados falsos) e contra os juízes (que, na relação laboral, pendiam para os mais fracos e até tinham condenado o Ministério da Educação a pagar horas extraordinárias pelas aulas de substituição). Em qualquer país civilizado, quem é atacado tem o direito de se defender. De modo que a professora Dalila Cabrita Mateus, sentindo-se atingida, enviou ao Director do Expresso uma carta aberta ao jornalista Miguel Sousa Tavares. Contudo, como é timbre dum jornal de referência que aprecia o contraditório, de modo a poder esclarecer devidamente os seus leitores, o Expresso não publicou a carta enviada. Aqui vai, pois, a tal Carta Aberta, que circula pela Net. Para que seja divulgada mais amplamente, pois, felizmente, ainda existe em Portugal liberdade de expressão.
«Não é a primeira vez que tenho a oportunidade de ler textos escritos pelo jornalista Miguel Sousa Tavares. Anoto que escreve sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo quando depois se verifica que conhece mal os problemas que aborda. É o caso, por exemplo, dos temas relacionados com a educação, com as escolas e com os professores. E pensava eu que o código deontológico dos jornalistas obrigava a realizar um trabalho prévio de pesquisa, a ouvir as partes envolvidas, para depois escrever sobre a temática de forma séria e isenta. O senhor jornalista e a ministra que defende não devem saber o que é ter uma turma de 28 a 30 alunos, estando atenta aos que conversam com os colegas, aos que estão distraídos, ao que se levanta de repente para esmurrar o colega, aos que não passam os apontamentos escritos no quadro, ao que, de repente, resolve sair da sala de aula. Não sabe o trabalho que dá disciplinar uma turma. E o professor tem várias turmas.O senhor jornalista não sabe (embora a ministra deva saber) o enorme trabalho burocrático que recai sobre os professores, a acrescer à planificação e preparação das aulas. O senhor jornalista não sabe (embora devesse saber) o que é ensinar obedecendo a programas baseados em doutrinas pedagógicas pimba, que têm como denominador comum o ódio visceral à História ou à Literatura, às Ciências ou à Filosofia, que substituíram conteúdos por competências, que transformaram a escola em lugar de recreio, tudo certificado por um Ministério em que impera a ignorância e a incompetência. O senhor jornalista falta à verdade quando alude ao «flagelo do absentismo dos professores, sem paralelo em nenhum outro sector de actividade, público ou privado». Tal falsidade já foi desmentida com números e por mais de uma vez. Além do que, em nenhuma outra profissão, um simples atraso de 10 minutos significa uma falta imediata. O senhor jornalista não sabe (embora a ministra tenha obrigação de saber) o que é chegar a uma turma que se não conhece, para substituir uma professora que está a ser operada e ouvir os alunos gritarem contra aquela «filha da puta» que, segundo eles, pouco ou nada veio acrescentar ao trabalho pedagógico que vinha a ser desenvolvido. O senhor jornalista não imagina o que é leccionar turmas em que um aluno tem fome, outro é portador de hepatite, um terceiro chega tarde porque a mãe não o acordou (embora receba o rendimento mínimo nacional para pôr o filho a pé e colocá-lo na escola), um quarto é portador de uma arma branca com que está a ameaçar os colegas. Não imagina (ou não quer imaginar) o que é leccionar quando a miséria cresce nas famílias, pois «em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão». O senhor jornalista não tem sequer a sensibilidade para se por no lugar dos professores e professoras insultados e até agredidos, em resultado de um clima de indisciplina que cresceu com as aulas de substituição, nos moldes em que estão a ser concretizadas. O senhor jornalista não percebe a sensação que se tem em perder tempo, fazendo uma coisa que pedagogicamente não serve para nada, a não ser para fazer crescer a indisciplina, para cansar e dificultar cada vez mais o estudo sério do professor. Quando, no caso da signatária, até podia continuar a ocupar esse tempo com a investigação em áreas e temas que interessam ao país. O senhor jornalista recria um novo conceito de justiça. Não castiga o delinquente, mas faz o justo pagar pelo pecador, neste caso o geral dos professores penalizados pela falta dum colega. Aliás, o senhor jornalista insulta os professores, todos os professores, uma casta corporativa com privilégios que ninguém conhece e que não quer trabalhar, fazendo as tais aulas de substituição. O senhor jornalista insulta, ainda, todos os médicos acusando-os de passar atestados, em regra falsos. E tal como o Ministério, num estranho regresso ao passado, o senhor jornalista passa por cima da lei, neste caso o antigo Estatuto da Carreira Docente, que mandava pagar as aulas de substituição. Aparentemente, o propósito do jornalista Miguel Sousa Tavares não era discutir com seriedade. Era sim (do alto da sua arrogância e prosápia) provocar os professores, os médicos e até os juízes, três castas corporativas. Tudo com o propósito de levar a água ao moinho da política neoliberal do governo, neste caso do Ministério da Educação. Dalila Cabrita Mateus, professora, doutora em História Moderna e Contemporânea».
(in 'Jornal de Notícias' de 14.01.2007)
(Recebido por email)

25 janeiro 2007

Mundo Virtual



Entrei apressado e com muita fome no restaurante.
Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos não sei o que são.
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime, não é?
Abri o meu portátil e apanhei um susto, com aquela voz baixinha atrás de mim:
- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar pão.
- Está bem, eu compro um.
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, a rir com as piadas malucas. Ah! Esta música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência impede-me de dizer sim. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e mais uma refeição decente para ele.
Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor, o que está a fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet.
Sabia que ele não ia entender nada mas, tentando livrar-me de perguntas destas, acrescentei:
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor, tem Internet?
- Tenho sim, é essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Há de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e me deixaria almoçar, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
- Que bom, isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo nesse mundo virtual.
- Tens computador?! - exclamo eu!!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira... Virtual. A minha mãe fica todo o dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo; eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que passa o tempo todo a chorar de fome e eu a dar-lhe água para pensar que é sopa; a minha irmã mais velha sai todo o dia também, diz que vai vender o corpo, mas não percebo, porque ela volta sempre com o corpo; o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia. Isto é virtual, não é, senhor???
Fechei o portátil, mas não a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino acabasse de literalmente "devorar" o prato dele, paguei e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado, senhor, você é muito simpático!".
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não a percebemos!
(recebido por email)

23 janeiro 2007

Duas raparigas e um abraço



Num elevador cheio de gente. Uma delas, gira, magra, elegante, bem vestida, bem pintada, de saltos altos, o cabelo penteado num rabo de cavalo castanho claro. A outra, mais gorda, cara lavada e cansada, sapatos rasos, cabelos castanhos sujos, uma camisa branca bastante amarrotada fora das calças. Um saquinho minúsculo numa das mãos. Estão a falar de deixar de fumar, deixaram as duas. E a rapariga cansada, que até poderia ser gira se não estivesse tão mal arranjada, diz que bem lhe apetecia voltar a fumar um... a outra afasta as pessoas pelo meio e diz, nem penses minha querida, minha querida. E dá-lhe um enorme abraço daqueles com os dois braços apertados à volta da outra. E a cabeça da rapariga cansada poisa um segundo no ombro da rapariga elegante. Depois, as portas abrem-se e a rapariga elegante sai. E diz para a outra, amanhã quero ver as fotografias que essa tua máquina tira!. E a outra fica no elevador e sorri, sorri sempre até sair no andar dela.
(in 100nada)
Porquê? Porque achei que é uma história bem contada. Porque gostei.

18 janeiro 2007

E não é que os nossos jovens têm mérito?

E não é que o tacho virou panela?!...
"Mas a nossa Maria merece..."
De acordo com O Correio da Manhã, Maria Monteiro, filha do antigo ministro António Monteiro e que actualmente ocupa o cargo de adjunta do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros vai para a embaixada portuguesa em Londres. Para que a mudança fosse possível, José Sócrates e o ministro das Finanças descongelaram a título excepcional uma contratação de pessoal especializado. Contactado pelo jornal, o porta-voz Carneiro Jacinto explicou que a contratação de Maria Monteiro já tinha sido decidida antes do anúncio da redução para metade dos conselheiros e adidos das embaixadas. As medidas de contenção avançadas pelo actual governo, nomeadamente o congelamento das progressões na função pública, começam a dar frutos. Os sacrifícios pedidos aos portugueses permitem assegurar a carreira desta jovem de 28 anos que, apesar da idade, já conseguiu, por mérito próprio e com uma carreira construída a pulso, atingir um nível de rendimento mensal superior a 9000 euros (nove mil euros, não é engano!). É desta forma que se cala a boca a muita gente que não acredita nas potencialidades do nosso país, oh zangados da vida que só sabem criticar a juventude, ponham os olhos nesta miúda. A título de curiosidade, o salário mensal da nossa nova adida de imprensa da embaixada de Londres daria para pagar as progressões de 193 técnicos superiores de 2ª classe, de 290 Técnicos de 1ª classe ou de 290 Assistentes Administrativos. O mesmo salário daria para pagar os salários de, respectivamente, 7, 10 e 14 jovens como a Maria, das categorias acima mencionadas, que podem muito bem vir a ser despedidos, por força de imperativos orçamentais. Estes jovens sem berço, que ao contrário da Maria tiveram que submeter-se a concurso, também ao contrário da Maria já estão habituados a ganhar pouco e devem habituar-se a ser competitivos. A nossa Maria merece. Também a título de exemplo, e comparativamente, seriam necessários os descontos de IRS de 92 portugueses com um salário de 500 Euros a descontar à taxa de 20%. Novamente, a nossa Maria merece!


...e os Funcionários Públicos que paguem a crise!
(recebido por email)

17 janeiro 2007

US Navy Presidential Ceremonial Honor Guard Drill Team


Vejam só a sincronização dos movimentos dos militares.
(clique na imagem)

15 janeiro 2007

VIAGEM AO MUNDO DA CIÊNCIA


Este texto é um pequeno discurso que o astrónomo Phil Plait preparou para dar a alguns estudantes que participaram numa feira de Ciência.

"Eu conheço um lugar onde o Sol nunca se põe.É uma montanha, e é na Lua. Estica-se tão alto, que mesmo à medida que a Lua roda, fica debaixo da luz do dia perpetuamente. A radiação do Sol ilumina-a dia e noite, 24 horas por dia - bom, de facto um dia lunar dura 4 semanas, e por isso a luz do Sol bate lá 708 horas por dia. Eu conheço um lugar onde o Sol nunca brilha. É no fundo dos oceanos. Uma fenda onde a crosta da Terra expele químicos nocivos e aquece a água até ao ponto de ebulição. Isto mataria imediatamente qualquer humano, mas existem lá criaturas, bactérias que sobrevivem e prosperam. Alimentam-se de enxofre vindo dessa abertura, e excretam ácido sulfúrico. Eu conheço um lugar onde a temperatura é de 15 milhões de graus Celsius. Onde a pressão vos esmagaria até um ponto microscópico. Esse lugar é o núcleo do Sol. Eu conheço um lugar onde os campos magnéticos vos despedaçariam átomo a átomo: é a superfície de uma estrela de neutrões, um magnetar. Eu conheço um lugar onde a vida começou há milhares de milhões de anos atrás. Esse lugar é aqui, na Terra.
Eu conheço esses sítios porque sou um cientista. A ciência é uma maneira de descobrir coisas. É uma maneira de testar o que é real. É o que Richard Feynman chamou 'Uma maneira de não nos enganarmos a nós próprios.' Nenhum astrólogo previu a existência de Urano, Neptuno ou Plutão. Nenhum astrólogo moderno teve pistas acerca do Sedna, uma bola de gelo com metade do tamanho de Plutão, que tem uma órbita ainda mais afastada. Nenhum astrólogo previu os mais de 150 planetas que hoje sabemos que orbitam outros sóis. Mas os cientistas sim. Nenhum vidente, apesar das alegações, alguma vez ajudou a polícia a solucionar um crime. Mas os cientistas forenses sim, a toda a hora. Não foi ninguém que praticava homeopatia que encontrou a cura para a varíola ou para a poliomielite. Mas os cientistas sim, médicos investigadores. Nenhum criacionista alguma vez percebeu o código genético. Os químicos sim. Os biólogos moleculares sim. Eles usaram a física. Eles usaram a matemática. Eles usaram a química, a biologia, a astronomia, a engenharia.
Eles usaram a ciência. Estas são todas as coisas que vocês descobriram ao fazer os vossos projectos. Todas as coisas que vos trouxeram hoje até aqui. Computadores? Telemóveis? Foguetões para Saturno, sondas para o fundo dos oceanos, playstations, gamecubes, gameboys, X-boxes? Tudo por cientistas.
Os lugares dos quais eu falei atrás - vocês também podem vir a conhecer. Podem sentir a admiração de os ver pela primeira vez, a emoção da descoberta, o sentimento visceral e maravilhoso de fazer algo que nunca ninguém fez antes, ver coisas que jamais alguém viu, saber algo que nunca ninguém soube. Sem bolas de cristal, sem cartas de tarot, sem horóscopos. Apenas vocês, o vosso cérebro e a vossa capacidade de pensar. Bem-vindos à Ciência e boa viagem."
Cortesia de Phil Plait em http://www.badastronomy.com/bablog/?p=26
Tradução livre realizada por José Raeiro
(in http://vejambem.blogspot.com/ “Associação José Afonso”)

14 janeiro 2007

Cartas da Beira Índico


Encontrei estas "Cartas" num grupo chamado MGM. Elas relatam uma viagem a Moçambique iniciada em Outubro de 2004, mostrando a realidade que o seu autor ali foi encontrar. Um documento no mínimo interessante, sobretudo para aqueles que ali viveram ou por lá passaram!


Celestino Gonçalves /Marrabenta

11 janeiro 2007

O ESTADO



Coimbra, 28 de Junho de 2005

Sr Primeiro Ministro - Excelência:
Escrevo na qualidade de médico das carreiras hospitalares e faço-o numa publicação profissional por julgar que o assunto é do interesse de todos os meus colegas. Dirijo-me ao Estado, entidade abstracta, meu empregador, que V.ª Ex.ª, por força das últimas eleições, legítima e indiscutivelmente representa. E, desde já, asseguro que não me move qualquer intuito político. Debalde poderá V.ª Ex.ª buscar qualquer filiação partidária, que não tenho, nunca tive e julgo nunca terei. Tampouco achará V.ª Ex.ª no meu curriculum atitudes de reivindicação, de reclamação ou de contestação, fora do mais estrito âmbito laboral. Esta carta é tão-somente um pedido de decência nas relações de trabalho com a minha entidade patronal, ditada pelo frustrar do que cuidava serem as mais legítimas expectativas.
Quando há mais de um quarto de século aceitei começar a trabalhar para o Estado, fi-lo na convicção de que era uma entidade recta e íntegra ou, como em linguagem vulgar se diz, uma pessoa de bem. Não o é, como ao longo dos anos vim constatando: O Estado é um gestor ruinoso do bem comum, que todos pagamos. As contas públicas não deixam margem para dúvidas. O Estado é caloteiro, paga pouco, tarde e mal mas, reciprocamente, é o mais temível dos credores.
Basta ver como nega o princípio da compensação. O Estado é iníquo e corrupto. Confirme-se, a cada nova ronda de eleições, o baile de apaniguados a ocupar furiosamente os lugares públicos, sem concurso, sem justificação e, pior que tudo, sem competência. De tal situação, deu V.ª Ex.ª o mais despudorado exemplo.
O Estado denega a Justiça. Ao recusar criar condições para uma laboração rápida e exemplar dos tribunais, ao legislar diplomas dúbios, efémeros, se não contraditórios, perpetua-se o primado do acordo de circunstância ou do acto administrativo sobre o que devia ser Justiça, límpida e rigorosa. Mas, ainda que tenha criado do Estado uma tão má imagem, nunca julguei que se pudesse chegar a violar princípios fundamentais do Direito, como o da não retroactividade das leis. Princípios que fazem parte dos direitos, liberdades e garantias universais de cujo reconhecimento Portugal é signatário. Ao que parece pouco convicto. Declarou V.ª Ex.ª publicamente a suspensão da progressão nas carreiras e o aumento da idade da reforma. A menos que se trate de mais uma afirmação para não cumprir, a que V.ª Ex.ª nos vai habituando, tal representa, pura e simplesmente, legislar com efeitos retroactivos à data de início do contrato de trabalho - 26 anos, no meu caso. Ora, quando me vinculei à Função Pública, foi-me asseverado que teria o meu direito à reforma aos 60 anos e à progressão na carreira conforme
prevista nos regulamentos aplicáveis. Os descontos a que fui sujeito ao longo destes anos a favor da segurança social não são mais um imposto, mas sim uma quantia que é minha e que confiei ao Estado para que a guardasse, investisse e finalmente provesse à minha reforma, segundo os termos acordados. Nas recentes medidas económicas de excepção, sacrificou V.ª Ex.ª, uma vez mais, aqueles que pagam, sempre o fizeram e assim continuam. Quanto à oligarquia de riqueza ostensiva, na qual se inclui a classe política, continua arrogante, impune... e não tributada. No outro extremo, marginais que nunca trabalharam são encorajados a jamais o fazerem, mediante subsídios da Segurança Social, numa pedagogia leviana e suicidária, conquanto que eleitoralmente muito rentável. Não sendo político não necessito de ser politicamente correcto. V.ª Ex.ª sabe, por demais, a quem maioritariamente são entregues os subsídios da Segurança Social: àqueles grupos étnicos que, justamente, perfazem o grosso da nossa população prisional. Assim, in limine, o subsídio é, na realidade, um suborno pago aos marginais para os manter controlados.
Dada a maneira como V.ª Ex.ª trata as polícias e a magistratura faz todo o sentido.
É mesmo muito inteligente e pragmático. Não sei é se será ético mas, olhando em redor, essa é uma palavra em desuso. Ora o certo é que a Segurança Social não vive das contribuições dos políticos, - reformados ao fim de oito exaustivos anos de trabalho. Vive das nossas. E V.ª Ex.ª, ao alterar, de forma unilateral e, repito, retroactiva, o contrato que me ligava ao Estado, denunciou esse contrato.
V.ª Ex.ª decerto concordará que, se não fosse o Estado mas uma pessoa individual a praticar estes actos, tal teria um nome pejorativo e uma sanção penal. Assim como se se tratasse de uma empresa ou qualquer outra entidade patronal haveria, indiscutivelmente, lugar a uma indemnização por quebra de contrato. Pelo que, reportando-me aos princípios de equidade que seria suposto regerem o país, peço em meu nome, e dos médicos das carreiras públicas, igualdade de tratamento com os senhores deputados da nação, naquilo que V.ª Ex.ª muito bem definiu como «justas expectativas».
Respeitosamente.
Dr. João Canavarro
Assistente Hospitalar Graduado de Psiquiatria nos HUC
(recebido por email)

09 janeiro 2007

Joana Amendoeira - Fados


Angariação de fundos para ajuda na construção de um Lar de Idosos em Vila Nova de Santo André (clique na imagem para a ver maior).
(Lions Clube de Santiago do Cacém)

08 janeiro 2007

O aparecimento do Zé Carioca



O filme feito pelos estúdios Walt Disney em 1942 chamou-se no Brasil "Alô Amigos". Vejam esta delícia que talvez nos aqueça, pelo menos a alma, neste gélido dia de Janeiro. E vamos lá sambar!...

07 janeiro 2007

Celine Dion «The Power of Love»



Teledisco
Clique na imagem acima; se lhe for solicitada a instalação de um programa (que é free - gratuito), deverá autorizar. Poderá depois ver este vídeo no formato DivX, com uma qualidade que se aproxima da do DVD. Para além de o poder ver, poderá fazer o respectivo download para o disco (é necessária banda larga para um correcto visionamento - depois de iniciar, dê um duplo clique para ver em ecrã inteiro).Nota: demora um pouquinho a entrar no site mas é mesmo assim.



De quando em quando, esquecemo-nos do Bloco de Esquerda. Fazemos mal.
Ao contrário do que muitos dão por adquirido, os senhores do Bloco não se dedicam exclusivamente àquelas causas ‘fracturantes’ e tontas. Às vezes, também lhes ocorrem causas apenas tontas. E quase sempre divertidas. Amanhã, por exemplo, será discutido na Assembleia da República um projecto de lei que visa a criação de turmas bilingues nas escolas primárias. Dito assim, já é bom. Analisado a fundo, é ainda melhor: o Bloco quer que os filhos dos imigrantes em Portugal aprendam as matérias na língua de origem; o Bloco quer dois professores por sala de aula, um de Português e o outro da língua que calhar; o Bloco quer um mínimo de 30% de alunos portugueses por turma; isto porque, explicam-nos, o Bloco não quer a “guetização” (sic) dos meninos estrangeiros. De brinde, a proposta possibilita aos imigrantes no liceu a troca do Inglês e do Francês pela língua dos seus pais. Convém acrescentar que estas maravilhas se inspiram num relatório de Miguel Portas, aprovado há meses no Parlamento Europeu, o que, de caminho, revela o ócio que domina a referida instituição e confirma o caos na cabeça de Miguel Portas.
Falta perceber para que servem.Certamente não servem para elevar os resultados escolares. Em França, raro e inevitável modelo de aplicação de uma coisa parecida, serviram a renovação do parque automóvel, às mãos de jovens magrebinos, isqueiros e gasolina. Mas a imigração que temos provém sobretudo do Leste da Europa e das ex-colónias. E, como se sabe, mesmo na língua de adopção, as crianças do Leste tendem a ser melhores alunas que as suas equivalentes indígenas. Quanto aos descendentes dos PALOP e do Brasil, seria de esperar que falassem português. O Bloco, porém, não vai em simplismos e prevê a adopção dos próprios dialectos maternos, o que abre fascinantes perspectivas. Os petizes angolanos, para citar um único caso, poderão optar entre dezenas de linguajares, desde o quimbundo à nhaneca. Se, no nosso simplório sistema, a colocação de professores é o pandemónio que conhecemos, haverá imensa expectativa acerca da capacidade do ministério em destacar docentes de quimbundo para Oliveira do Bairro, digamos. Por mim, alimento uma expectativa particular em volta do ensino da informática em nhaneco.
No máximo, encontro duas justificações possíveis para tamanha alucinação. A primeira é ser mentira. Se não me engano, o mesmo projecto de lei surgiu em 2006, mais ou menos por esta altura, para depois desaparecer sem deixar rasto. É capaz de ser uma brincadeira ritual do Bloco, começar o ano com uma toleima recorrente e fictícia, a título de aquecimento para as toleimas a sério que se seguem. A outra hipótese é ser uma retorcida, e sacrificial, tentativa de salvação do nosso sistema escolar e das novas gerações. As inúmeras reformas aplicadas já provaram a inabilidade das crianças portuguesas na aprendizagem do Português. Talvez a sua exposição forçada ao romeno, ao ucraniano e até ao quimbundo as salve de um futuro analfabeto e, consequentemente, da adolescente simpatia pelo Bloco.

Alberto Gonçalves, Sociólogo
(recebido por email)

03 janeiro 2007

Aprender


Clique na imagem sff

02 janeiro 2007

Um embaixador com classe



Há dias, um aprendiz de jornalista brasileiro de Porto Alegre, de seu nome Polibio Braga, publicou a seguinte notícia:

Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento. Há apenas uma semana, em apenas quatro anos, o editor desta página visitou pela quinta vez Lisboa, arrependendo-se pela quarta vez de ter feito isto. Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento. É como visitar a casa de um parente malquisto, invejoso e mal educado. Na sexta e no sábado, dias 24 e 25, Portugal submergiu diante de um dilúvio e mais uma vez mostrou suas mazelas. O País real ficou diante de todos. Portugal é bonito por fora e podre por dentro. O dinheiro que a União Européia alcançou generosamente para que os portugueses saíssem do buraco e alcançassem seus sócios, foi desperdiçado em obras desnecessárias ou suntuosas. Hoje, existe obra demais e dinheiro de menos. O pior de tudo é que foi essa gente que descobriu e colonizou o Brasil. É impossível saber se o pior para os brasileiros foi a herança maldita portuguesa ou a herança maldita católica. Talvez as duas .

Esta Nota mereceu a seguinte resposta do nosso Embaixador:

Brasília, 8 de Dezembro de 2006
Senhor Políbio Braga
Um cidadão brasileiro, que faz o favor de ser meu amigo, teve a gentileza de me dar a conhecer uma nota que publicou no seu site, na qual comentava aspectos relativos à sua mais recente visita a Portugal. Trata-se de um texto muito interessante, pelo facto de nele ter a apreciável franqueza de afirmar, com todas as letras, o que pensa de Portugal e dos portugueses. O modo elegante como o faz confere-lhe, aliás, uma singular dignidade literária e até estilística. Mas porque se limita apenas a uma abordagem em linhas muito breves, embora densas e ricas de pensamento, tenho que confessar-lhe que o seu texto fica-nos a saber a pouco. Seria muito curioso se pudesse vir a aprofundar, com maior detalhe, essa sua aberta acrimónia selectiva contra nós. Por isso lhe pergunto: não tem intenção de nos brindar com um artigo mais longo, do género de ensaio didáctico, onde possa dar-se ao cuidado de explanar, com minúcia e profundidade, sobre o que entende ser a listagem de todas as nossas perfídias históricas, das nossas invejazinhas enraizadas, dos inumeráveis defeitos que a sua considerável experiência com a triste realidade lusa lhe deu oportunidade de decantar? Seria um texto onde, por exemplo, poderia deter-se numa temática que, como sabe, é comum a uma conhecida escola de pensamento, que julgo também partilhar: a de que nos caberá, pela imensidão dos tempos, a inapelável culpa histórica no que toca aos resquícios de corrupção, aos vícios de compadrio e nepotismo (veja-se, desde logo, a última parte da Carta de Pêro Vaz de Caminha), que aqui foram instilados, qual vírus crónico, para o qual, nem os cerca de dois séculos, que se sucederam ao regresso da maléfica Corte à fonte geográfica de todos os males, conseguiram ainda erradicar por completo. Permita-me, contudo, uma perplexidade: porquê essa sua insistência e obcecação em visitar um país que tanto lhe desagrada? Pela quinta vez, num espaço de quatro anos ? Terá que reconhecer que parece haver algo de inexoravelmente masoquista nessa sua insistente peregrinação pela terra de um "parente malquisto, invejoso e mal educado". Ainda pensei que pudesse ser a Fé em Nossa Senhora de Fátima o motivo sentimental dessa rotina, como sabe comum a muitos cidadãos brasileiros, mas ofinal do seu texto, ao referir-se à "herança maldita católica", afasta tal hipótese e remete-o para outras eventuais devoções alternativas. Gostava que soubesse que reconheço e aceito, em absoluto, o seu pleníssimo direito de pensar tão mal de nós, de rejeitar a "herança maldita portuguesa" (na qual, por acaso, se inscreve a Língua que utiliza). Com isso, pode crer, ajuda muito um país, que aliás concede ser "bonito por fora" (valha-nos isso !), a ter a oportunidade de olhar severamente para dentro de si próprio, através da arguta perspectiva crítica de um visitante crónico, quiçá relutante. E porque razão lhe reconheço esse direito ? Porque, de forma egoísta, eu também quero usufruir da possibilidade de viajar, cada vez mais, pelo maravilhoso país que é o Brasil, de admirar esta terra, as suas gentes, na sua diversidade e na riqueza da sua cultura (de múltiplas origens, eu sei). Só que, ao contrário de si, eu tenho a sorte de gostar de andar por onde ando e você tem o lamentável azar de se passear com insistência (vá-se lá saber porquê!), pela triste terra dessa "gente que descobriu e colonizou o Brasil". Em má hora, claro! Da próxima vez que se deslocar a Portugal (porque já vi que é um vício de que não se liberta) espero que possa usufruir de um tempo melhor, sem chuvas e sem um "dilúvio" como o que agora tanto o afectou. E, se acaso se constipou ou engripou com o clima, uma coisa quero desejar-lhe, com a maior sinceridade: cure-se !
Com a retribuída cordialidade do
Francisco Seixas da Costa, Embaixador de Portugal no Brasil
(recebido por email)
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